Você já desbloqueou o celular com o rosto hoje? Usou a digital para autorizar um Pix? Se sim, você está entre os 82% dos brasileiros que já utilizam algum tipo de biometria, segundo um levantamento recente da NordVPN.
Essa tecnologia, que antes parecia futurista, se tornou parte do nosso dia a dia. Está nos bancos, nos aplicativos, no acesso ao trabalho e até nas urnas eletrônicas.
Mas, apesar de toda essa conveniência, ainda existem dúvidas no ar: é seguro confiar nossos dados físicos a uma máquina? E se alguém conseguir “copiar” meu rosto ou minha digital?
Para instituições financeiras, essas dúvidas não são apenas preocupações individuais — são questões que envolvem fraude, reputação, compliance e a necessidade urgente de tecnologias que sejam eficazes, rastreáveis e seguras.
É sobre isso que vamos falar neste artigo. Boa leitura!
O que você vai aprender neste artigo?
- O que é biometria e como ela funciona na prática, desde a coleta até a autenticação, com foco nos usos em instituições financeiras;
- Quais são os principais tipos de biometria disponíveis hoje e onde cada um deles se encaixa nas operações bancárias e digitais;
- Quais cuidados devem ser considerados ao implementar biometria, respeitando exigências da LGPD, do Banco Central e do Open Finance;
- Quais são os riscos mais citados e os benefícios reais da biometria, com comparativos claros para quem ainda tem dúvidas sobre segurança e privacidade.
Afinal, o que é biometria?
Biometria é a tecnologia que identifica ou autentica pessoas com base em características físicas ou comportamentais únicas. Impressão digital, rosto, voz, íris, forma de digitar… tudo isso pode ser usado como um “código pessoal”.
Como a biometria funciona na prática?
Por trás da simplicidade de um toque ou de um olhar para a câmera, existe um processo sofisticado e extremamente técnico. A biometria funciona em cinco etapas principais: coleta, digitalização, armazenamento, comparação e autorização. Entenda:
- Coleta da característica biométrica: pode ser a sua digital em um sensor, o rosto capturado por uma câmera ou a voz em uma chamada;
- Conversão em dados digitais: esses traços são transformados em informações numéricas únicas, chamadas de templates biométricos;
- Armazenamento seguro: os dados são criptografados e armazenados em servidores, dispositivos ou plataformas específicas — sempre com protocolos de segurança rígidos;
- Comparação e validação: no momento da autenticação, o sistema compara a nova leitura com o template já registrado. Se houver correspondência suficiente, a identidade é confirmada;
- Autorização (ou bloqueio): com base nesse resultado, o sistema autoriza ou nega o acesso, transação ou ação solicitada.
No setor financeiro, esse processo é utilizado para validar operações críticas com velocidade e precisão, como login em aplicativos bancários, autenticação de transações e abertura de contas digitais.
Quais são os tipos de biometria disponíveis hoje?
A biometria pode ser dividida em dois grandes grupos: fisiológica (baseada em traços físicos) e comportamental (baseada em padrões de comportamento). Cada tipo possui aplicações específicas e níveis diferentes de segurança e complexidade.
Tipo de biometria | Característica analisada | Aplicações no setor financeiro | Exemplos de uso real |
Impressão digital | Sulcos únicos dos dedos | Autenticação em apps bancários, caixas eletrônicos e dispositivos móveis | Login em apps do Bradesco e Banco do Brasil |
Reconhecimento facial | Formato e traços do rosto | Abertura de contas digitais, login em plataformas, autenticação de Pix | Abertura de conta no C6 Bank ou Inter com selfie |
Íris ou retina | Padrões únicos nos olhos | Acesso a áreas restritas, operações de alto valor em ambiente controlado | Autenticação em salas-cofre ou data centers bancários |
Reconhecimento de voz | Tom, ritmo, entonação e frequência vocal | Validação de identidade em atendimentos telefônicos e IVR | Atendimento no SAC de grandes bancos com biometria de voz |
Biometria comportamental | Padrões de digitação, uso do mouse, pressão e velocidade | Prevenção de fraudes em tempo real durante navegação e autenticações digitais | Análise de comportamento em tempo real no onboarding de fintechs |
💡 Enquanto a digital e o reconhecimento facial já estão amplamente difundidos, a biometria comportamental tem ganhado força como camada extra de segurança em ambientes digitais, especialmente em fintechs e bancos digitais.
Em quais áreas a biometria já está sendo usada nas empresas?
A biometria deixou de ser exclusividade de departamentos de segurança e passou a integrar rotinas de diferentes áreas, especialmente em instituições financeiras, onde a autenticação precisa ser rápida, confiável e rastreável. Veja onde ela já está sendo amplamente adotada:
Abertura de contas e onboarding digital
Com reconhecimento facial ou de documentos biométricos, bancos conseguem validar identidade sem contato físico — reduzindo fraudes e acelerando a ativação.
Login e autenticação em aplicativos bancários
Impressões digitais e reconhecimento facial substituem senhas, oferecendo praticidade sem abrir mão da segurança.
Aprovação de transações financeiras
Biometria é usada como segundo fator de autenticação (2FA) para autorizar transferências, Pix de alto valor ou alterações cadastrais.
Call centers e atendimento ao cliente
Reconhecimento de voz permite identificar o cliente com mais precisão e segurança, reduzindo o tempo de atendimento e os riscos de engenharia social.
Acesso físico a ambientes sensíveis
Áreas de cofres, datacenters, salas de TI e arquivos sigilosos já utilizam biometria para limitar o acesso exclusivamente a pessoas autorizadas.
Quais cuidados tomar ao implementar biometria em uma instituição regulada?
Quando uma instituição financeira adota biometria, ela não está apenas buscando conveniência, está assumindo uma responsabilidade crítica: proteger dados que não podem ser trocados.
Diferente de uma senha, uma digital ou um rosto vazado não pode ser substituído. Por isso, segurança, privacidade e conformidade regulatória precisam caminhar juntas desde o primeiro passo.
Segurança da informação x Prevenção a fraudes
Biometria só é eficaz contra fraudes quando bem implementada. Isso significa:
- Criptografar templates biométricos com padrões avançados;
- Registrar todos os acessos em logs auditáveis;
- Aplicar mecanismos antifraude, como detecção de tentativa de spoofing (ex: rosto em vídeo ou áudio gravado).
LGPD x Proteção de dados sensíveis
A LGPD trata dados biométricos como sensíveis, e isso impõe obrigações específicas:
- Coleta baseada em consentimento claro, informado e granular;
- Política de uso, retenção e descarte transparente;
- Garantia dos direitos do titular: exclusão, portabilidade e revisão de decisões automatizadas.
Regulação financeira x Exigências do Bacen e Open Finance
A Resolução nº 4.658/2018 do Banco Central exige que instituições:
- Tenham uma política formal de segurança da informação aprovada pela alta administração;
- Documentem riscos relacionados à biometria e ações de mitigação;
- Garantam rastreabilidade dos dados e planos de resposta a incidentes.
Experiência do usuário x Barreiras operacionais
Biometria que trava ou falha com frequência pode gerar mais riscos do que soluções. É fundamental:
- Reduzir fricção sem comprometer a segurança;
- Incluir alternativas para autenticação em caso de erro (fallback seguro);
- Testar a tecnologia em diferentes dispositivos, perfis e contextos (como iluminação ou qualidade da câmera).
Biometria vale a pena? Veja o comparativo entre medos e benefícios!
A adoção da biometria ainda desperta dúvidas, especialmente quando o assunto é segurança e privacidade. Mas, na prática, os riscos mais comuns geralmente estão associados à má implementação, e não à tecnologia em si.
Medos mais comuns | Benefícios reais com uso seguro e regulado |
“Se alguém clonar minha digital, nunca mais posso trocá-la” | Dados biométricos são criptografados e não armazenam a imagem original. |
“Meu rosto pode ser falsificado com uma foto” | Sistemas robustos usam detecção de vivacidade e antifraude. |
“É invasivo demais” | A LGPD exige consentimento, controle e uso limitado dos dados. |
“Pode falhar e me bloquear” | Bons sistemas oferecem alternativas seguras e taxa de erro baixa. |
“É coisa de filme, não confio” | Já é padrão em bancos, eleições e apps usados por milhões. |
FAQ: o que mais você precisa saber sobre biometria?
Mesmo com o avanço da tecnologia e o uso massivo da biometria em bancos, apps e serviços públicos, muitas pessoas ainda têm dúvidas importantes sobre como ela funciona. Abaixo, respondemos às perguntas mais frequentes sobre o tema:
1. A biometria pode ser hackeada?
Pode, como qualquer tecnologia mal implementada. Mas, em sistemas bem estruturados, os dados biométricos são criptografados e armazenados como “templates”, e não como imagens visíveis. Isso dificulta o uso indevido, mesmo em caso de vazamento.
2. Qual tipo de biometria é mais seguro: digital, facial ou voz?
Tudo depende do contexto de uso e da tecnologia empregada. Em geral, impressões digitais e reconhecimento facial com detecção de vivacidade oferecem maior precisão. A biometria por voz é mais vulnerável se não tiver validação antifraude.
3. A biometria substitui completamente as senhas?
Em muitos casos, sim. Mas o ideal é que ela atue como um segundo fator de autenticação (2FA), reforçando a segurança em processos críticos, como movimentações bancárias ou acesso a sistemas internos.
4. Onde ficam armazenados meus dados biométricos?
Depende da instituição. Os dados podem ser armazenados localmente (no dispositivo) ou em servidores seguros. Em instituições financeiras, esse armazenamento deve seguir protocolos rígidos de segurança e conformidade com a LGPD.
5. Posso recusar o uso da biometria?
Sim. A LGPD garante o direito ao consentimento. Você pode recusar o uso e solicitar alternativas de autenticação, desde que a empresa ofereça opções compatíveis com o nível de segurança exigido.
6. O que acontece se a leitura biométrica falhar?
Sistemas confiáveis sempre oferecem uma alternativa: senha de backup, autenticação por token ou outro método seguro. O importante é que a biometria não seja a única porta de entrada, e sim parte de uma jornada segura.
Está pronto para levar segurança e inovação a outro nível?
A biometria é apenas um dos sinais de que o setor financeiro está entrando em uma nova fase, mais conectada, automatizada e inteligente.
Mas, para transformar dados sensíveis em decisões estratégicas, é preciso mais do que tecnologia: é preciso maturidade em inteligência artificial.
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- Descobrir quais ferramentas, estratégias e decisões priorizar para avançar com segurança;
- Comparar sua operação com benchmarks do mercado e montar um plano realista de evolução.
Se biometria, dados sensíveis e automação já fazem parte do seu cenário, este é o próximo passo.