Tudo que você precisa saber sobre o IFRS 18 e o futuro das demonstrações financeiras

16 de October de 2025
14 minutes of reading
A IFRS 18 entra em vigor em 2027 e traz mudanças profundas na apresentação das demonstrações financeiras. Entenda o que muda e como se preparar com eficiência!
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A contabilidade corporativa está prestes a passar por uma das maiores transformações dos últimos anos com o IFRS 18.

Emitido pelo IASB em abril de 2024, o IFRS 18, Presentation and Disclosure in Financial Statements entra em vigor em 1º de janeiro de 2027 e promete redefinir a forma como as empresas apresentam suas demonstrações financeiras.

De acordo com a KPMG, a maioria das organizações ainda não iniciou o processo de adaptação, o que pode gerar retrabalho e inconsistências quando o prazo final chegar.

Essa nova norma substitui o IAS 1 e cria uma estrutura padronizada de apresentação e divulgação que vai muito além da estética contábil: ela busca mais comparabilidade, transparência e disciplina na comunicação financeira. 

Para os profissionais das áreas contábil, fiscal e financeira, o alerta é claro, quem começar agora estará em vantagem competitiva. 

Enjoy your reading!

O que você vai aprender neste artigo?

  • O que é o IFRS 18 e por que ele substitui o IAS 1, trazendo um novo padrão global para apresentação e divulgação das demonstrações financeiras;
  • Quais são as principais mudanças estruturais na DRE, nas notas explicativas e nas medidas de desempenho (MPMs) exigidas pela norma;
  • Como implementar o IFRS 18 passo a passo, integrando contabilidade, fiscal, controladoria e TI para garantir uma transição segura até 2027;
  • Como o IFRS 18 se conecta à Reforma Tributária e à automação contábil, mostrando como tecnologia e governança de dados aceleram a adaptação.

Afinal, o que é o IFRS 18?

O objetivo é padronizar a comunicação financeira global, refletindo o desempenho real das empresas de forma mais transparente e comparável.

Entre as principais mudanças, estão:

  • Subtotais obrigatórios na DRE: “lucro operacional” e “lucro antes de financiamento e impostos”;
  • Classificação das receitas e despesas em cinco categorias: operacional, investimento, financiamento, imposto de renda e operações descontinuadas;
  • Introdução das MPMs (Management-Defined Performance Measures) — medidas de desempenho definidas pela gestão que agora exigem reconciliação e divulgação detalhada;
  • Regras mais rígidas de agregação e desagregação nas notas explicativas, reduzindo agrupamentos genéricos.

Segundo a Grant Thornton, o IFRS 18 não altera a mensuração de ativos ou resultados, mas muda a forma de contar a história financeira da empresa.

Em outras palavras, ele busca eliminar inconsistências, melhorar a leitura da DRE e aumentar a credibilidade das informações.

Por que o IFRS 18 é importante para empresas em 2027?

A partir de 1º de janeiro de 2027, todas as empresas que reportam sob IFRS deverão aplicar o novo modelo. Isso significa que a última DRE no formato antigo será a de 2026.

Ou seja, o IFRS 18 não é apenas uma atualização técnica, mas uma mudança cultural na forma de divulgar o desempenho financeiro.

Benefícios e impactos práticos

  • Mais transparência e comparabilidade para investidores e stakeholders;
  • Menos margem para interpretações subjetivas em receitas e despesas;
  • Redução de ruídos nas comunicações corporativas, já que medidas internas (MPMs) passam a exigir reconciliação e explicação detalhada;
  • Maior integração entre áreas, com impacto direto na governança corporativa — contabilidade, controladoria, fiscal e TI precisam atuar juntas;
  • Adoção retrospectiva obrigatória, exigindo que as empresas refaçam demonstrações comparativas com antecedência.

De acordo com a KPMG, essa será uma das transições mais desafiadoras desde a adoção inicial do IFRS. Por isso, quem se preparar antes de 2026 estará em vantagem.

Quais as principais mudanças estruturais na implementação do IFRS18 — e como solucionar?

A adoção do IFRS 18 vai muito além de alterar layouts. Ela exige mudanças profundas nos sistemas contábeis, nas políticas de classificação e na governança de dados financeiros.

Mudança estruturalImpacto no dia a diaComo solucionar
Subtotais obrigatórios (“lucro operacional” e “lucro antes de financiamento e impostos”)Reconfiguração completa da DREMapear e ajustar as contas contábeis para adequar-se aos novos subtotais
Reclassificação de receitas e despesas em categorias padronizadasImpacta políticas internas e comparabilidade entre períodosDocumentar políticas de classificação e testar cenários antes da transição
MPMs obrigatórias nas notas explicativasMedidas internas passam a exigir rigor de divulgaçãoIdentificar as MPMs já utilizadas e formalizar reconciliações obrigatórias
Aplicação retrospectiva (restatement)Exige refazer comparativos históricosColetar dados antigos e criar versões paralelas da DRE
Novas regras de agregação e desagregaçãoNotas explicativas precisarão de mais granularidadeRevisar o nível de detalhamento atual e alinhar com o auditor

Uma preparação bem planejada reduz o retrabalho e garante consistência e credibilidade na comunicação financeira, segundo a Grant Thornton.

Qual a diferença entre o IFRS 18 e outras normas, como o IFRS 16 e o IAS 1?

O IFRS 18 traz uma nova forma de apresentar as demonstrações financeiras, mas não altera as regras de reconhecimento ou mensuração.

Ele se diferencia de outras normas — como o IFRS 16 (Arrendamentos) e o IAS 1 (Apresentação das Demonstrações Financeiras) — principalmente pelo foco na estrutura e na transparência da comunicação contábil.

IFRS 18 x IAS 1

O IAS 1 tratava da estrutura das demonstrações, mas não detalhava subtotais obrigatórios nem exigia explicações padronizadas.

 Já o IFRS 18:

  • Substitui integralmente o IAS 1;
  • Introduz subtotais obrigatórios (“lucro operacional” e “lucro antes de financiamento e impostos”);
  • Cria categorias padronizadas de receitas e despesas;
  • Exige reconciliação detalhada das MPMs;
  • Padroniza a forma de apresentar e divulgar as notas explicativas.

Em resumo, o IFRS 18 não muda o “quanto” a empresa lucra, mas muda o “como” ela comunica esse resultado.

IFRS 18 x IFRS 16

Enquanto o IFRS 16 trata de arrendamentos — ou seja, como reconhecer e mensurar contratos de leasing —, o IFRS 18 define como apresentar esses efeitos nas demonstrações.

Na prática:

  • O IFRS 16 impacta valores de ativo, passivo e despesa financeira;
  • O IFRS 18 impacta a forma de exibir esses resultados na DRE e nas notas explicativas.

Ambas as normas se complementam: o IFRS 16 define o conteúdo e o IFRS 18 organiza a narrativa contábil.

Outras demonstrações afetadas

Além da DRE, o IFRS 18 afeta diretamente:

  • Demonstração do Resultado Abrangente (DRA);
  • Notas explicativas e reconciliações;
  • Relatórios de desempenho gerencial (MPMs);
  • Fluxos de governança e revisão por auditoria.

Com isso, toda a comunicação financeira ganha consistência, facilitando a análise entre empresas e setores.

Como implementar o IFRS 18 na sua empresa? Veja o passo a passo!

A implementação do IFRS 18 exige planejamento, diagnóstico e integração entre áreas. Não é um processo isolado da contabilidade — TI, controladoria, auditoria e governança precisam caminhar juntas.

A seguir, o caminho prático para aplicar o novo padrão de forma eficiente:

1. Diagnóstico inicial

Avalie como suas demonstrações estão estruturadas hoje. Identifique lacunas em relação aos novos requisitos e faça um levantamento das MPMs já utilizadas pela gestão. Esse mapeamento é essencial para entender o ponto de partida.

2. Desenho da nova estrutura contábil

Modele a DRE e as notas explicativas conforme o IFRS 18. Defina políticas de classificação e regras internas que garantam consistência e transparência. Essa é a base de toda a transição.

3. Execução de pilotos

Aplique o novo formato em períodos simulados. Compare resultados, avalie impactos e identifique ajustes antes da adoção definitiva. Essa etapa reduz falhas e retrabalhos no fechamento oficial.

4. Retroajustes e comparativos

Refatore ao menos um exercício anterior, conforme exige a aplicação retrospectiva. Manter versões paralelas da DRE facilita comparações e garante rastreabilidade.

5. Ajuste de sistemas e processos

Adeque seu ERP, BI e controles internos para suportar as novas categorias e subtotais. O IFRS 18 impacta tanto a estrutura contábil quanto os fluxos de informação.

6. Capacitação das equipes

Treine contadores, controladores e analistas. A norma exige entendimento técnico e clareza conceitual para ser aplicada corretamente. A qualificação do time será o maior diferencial durante a transição.

7. Revisão com auditoria

Envolva o auditor desde o início do processo. O alinhamento prévio evita divergências na interpretação da norma e reduz retrabalhos.

8. Go Live e monitoramento contínuo

Após a adoção, revise políticas, classificações e reconciliações anualmente. Mantenha a consistência nas demonstrações e a transparência na comunicação com o mercado.

Quais cuidados tomar ao implementar o IFRS 18 na sua empresa?

O IFRS 18 é uma norma complexa e cheia de nuances. Por isso, a adaptação exige planejamento antecipado, revisão de sistemas e integração entre áreas. Veja os principais cuidados para garantir uma transição segura:

  • Planeje com antecedência: o processo é demorado e envolve a revisão de sistemas, dados históricos e políticas contábeis;
  • Documente cada decisão contábil: a auditoria exigirá clareza nas políticas de classificação e justificativas bem registradas;
  • Envolva múltiplas áreas: contabilidade sozinha não dá conta — TI, controladoria e fiscal precisam atuar em conjunto;
  • Evite “atalhos” nos comparativos: refazer corretamente é melhor do que ajustar às pressas depois;
  • Analise impactos fiscais e regulatórios: no Brasil, será necessário conciliar o IFRS 18 com a Lei das S.A. e normas da CVM;
  • Valide suas MPMs com antecedência: medidas internas podem gerar dúvidas e devem ter reconciliações detalhadas e transparentes.

Um dos maiores erros das empresas será subestimar o tempo de preparação. A recomendação é iniciar o processo ainda em 2025, garantindo tempo para testes, ajustes e alinhamento com a auditoria.

Como a tecnologia pode ajudar na adaptação?

A adaptação ao IFRS 18 exige mais do que entender a norma. Ela demanda sistemas integrados, dados confiáveis e automação para garantir consistência e transparência nas demonstrações financeiras.

Por isso, a tecnologia é peça-chave nesse processo — ela reduz retrabalho, elimina planilhas manuais e acelera a preparação para 2027.

Veja como a automação transforma cada etapa da transição:

Etapa do processo de adaptaçãoDesafio manualComo a tecnologia ajuda
Mapeamento das contas contábeisPlanilhas dispersas e inconsistentesAutomatiza o cruzamento de contas e cria trilhas de reconciliação em tempo real
Reclassificação de receitas e despesasAlto risco de erro humano e duplicidadeImplementa regras automáticas de classificação conforme as categorias do IFRS 18
Aplicação retrospectiva (restatement)Reprocessamento manual de exercícios anterioresGera versões comparativas automáticas das demonstrações com histórico rastreável
Gestão das MPMs (medidas de desempenho)Dificuldade de consolidar dados entre áreasCentraliza indicadores e garante reconciliação das MPMs com a DRE oficial
Geração das notas explicativasProcessos lentos e sem padrãoCria relatórios padronizados, com granularidade ajustável e integração com auditoria
Integração entre áreas e sistemasInformações fragmentadas e sem rastreabilidadeConecta contabilidade, controladoria, fiscal e TI em uma base de dados única e confiável
Monitoramento contínuoRevisões manuais e falta de históricoAutomatiza alertas, logs e trilhas de auditoria para garantir conformidade permanente

Além disso, plataformas como a Dattos permitem centralizar dados, automatizar conciliações e gerar relatórios auditáveis. Ademais, a automação melhora a governança e promove colaboração entre contabilidade, controladoria, fiscal e TI.

Em outras palavras, investir em tecnologia não é só uma questão de eficiência — é de conformidade e credibilidade. Por isso, iniciar essa modernização antes de 2027 é um passo estratégico para garantir tranquilidade no fechamento contábil e confiança nos resultados.

Como será a auditoria do IFRS 18?

As auditorias também passarão por adaptação com a chegada do IFRS 18. O foco deixará de ser apenas “se os números batem” e passará a incluir como esses números são apresentados, explicados e reconciliados.

Os auditores avaliarão:

  • A coerência das novas classificações e subtotais definidos pela empresa;
  • A reconciliação das MPMs (medidas de desempenho definidas pela gestão) com os resultados oficiais;
  • A consistência entre notas explicativas e demonstrativos principais;
  • A clareza e documentação das políticas contábeis adotadas;
  • A comparabilidade entre períodos e entidades dentro do mesmo grupo econômico.

Por isso, a IFRS 18 exige divulgação detalhada das políticas e medidas internas, ampliando o escopo da revisão auditável.

FAQ: o que mais você precisa saber sobre o IFRS 18?

Mesmo com as mudanças bem definidas, ainda surgem dúvidas comuns sobre a aplicação prática do IFRS 18. Abaixo, reunimos as respostas para os principais questionamentos de profissionais das áreas contábil, fiscal e financeira:

O IFRS 18 muda o lucro da empresa?

Não. Ele não altera a mensuração dos resultados, apenas a forma de apresentá-los e divulgá-los.

A adoção é obrigatória a partir de 2027?

Sim. O padrão se aplica a períodos iniciados em 1º de janeiro de 2027, mas a adoção antecipada é permitida.

Preciso refazer os comparativos anteriores?

Sim, a norma exige aplicação retrospectiva, o que significa refazer ao menos um exercício anterior com o novo formato.

Como ficam as empresas brasileiras?

Precisarão conciliar o IFRS 18 com legislações locais, como a Lei das S.A. e as normas da CVM. Isso exige integração entre áreas contábil, jurídica e fiscal.

O que são as MPMs e por que são tão faladas?

São medidas de desempenho definidas pela própria gestão (como EBITDA ajustado). Agora, o IFRS 18 exige que essas medidas sejam divulgadas com reconciliações e explicações completas, evitando interpretações subjetivas.

Como o IFRS 18 e a Reforma Tributária se conectam nas finanças corporativas?

O IFRS 18 e a reforma tributária estão transformando a forma como as empresas registram, reportam e interpretam informações financeiras.

Apesar de atuarem em frentes diferentes, as duas mudanças compartilham o mesmo desafio: garantir precisão, integração e transparência nos dados.

Veja como elas se conectam na prática:

  • Ambas exigem integração entre áreas. Contabilidade, fiscal e TI precisam trabalhar juntas para alinhar informações e regras;
  • As duas pedem revisão de sistemas e políticas internas. É hora de atualizar planos de contas, layouts e classificações;
  • Governança e automação são essenciais. Sem tecnologia, o risco de inconsistência e retrabalho aumenta;
  • A base é a qualidade dos dados. Tanto o IFRS 18 quanto a Reforma dependem de informações rastreáveis e comparáveis.

Por isso, quem já está se preparando para a Reforma Tributária está um passo à frente na transição para o IFRS 18. Baixe agora mesmo o nosso checklist gratuito da reforma tributária!

Tainara Carvalho has a degree in Accounting and an MBA in IFRS and Tax Accounting. With experience in accounting firms and large companies, she currently works as a Business Analyst at Dattos S.A., integrating accounting expertise with strategic vision.

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