10 maneiras de auditar a taxa MDR corretamente

30 de October de 2025
13 minutes of reading
Entenda o que é a taxa MDR, como ela é cobrada nas vendas com cartão e veja como auditar e reduzir esse custo para otimizar seu fluxo de caixa.
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A taxa MDR (Merchant Discount Rate) é uma das tarifas mais relevantes (e, muitas vezes, menos compreendidas) dentro da rotina financeira de qualquer empresa que recebe pagamentos por cartão de crédito ou débito. Essa taxa é o percentual descontado de cada transação antes que o valor chegue à conta do estabelecimento.

Segundo dados do Banco Central,o volume de pagamentos com cartão de crédito e débito ultrapassou R$ 4 trilhões em 2024, representando mais de 50% das transações presenciais e digitais no país. E com a digitalização acelerada dos meios de pagamento, a taxa MDR ganhou ainda mais protagonismo: ela afeta diretamente o fluxo de caixa, o prazo de repasse e até a formação de preço dos produtos.

E o problema é que muitos negócios ainda tratam a taxa MDR como um custo fixo e imutável — quando, na verdade, é possível otimizá-la, negociá-la e até automatizar seu controle. Erros no cálculo ou na conciliação dessas tarifas podem gerar prejuízos expressivos e abalar a confiança nos relatórios financeiros.

Neste artigo, você vai entender como a taxa MDR funciona, por que ela impacta tanto o caixa das empresas e como a automação financeira pode transformar esse custo em vantagem competitiva. Boa leitura!

O que você vai aprender neste artigo?

  • O que é a taxa MDR e por que ela existe: você vai entender a origem dessa tarifa, como ela é aplicada nas transações com cartão e por que é um dos custos mais relevantes — e menos transparentes — do fluxo financeiro das empresas;
  • Como funciona o processamento das transações e quem participa dele: vamos detalhar o caminho do dinheiro entre cliente, adquirente, bandeira e emissor, mostrando onde a taxa MDR entra e como ela afeta diretamente o prazo de repasse e o caixa da empresa.
  • Como identificar, auditar e reduzir a taxa MDR: você vai descobrir o que compõe o percentual descontado de cada venda, como comparar taxas entre adquirentes e usar automação financeira para garantir que está pagando exatamente o que foi contratado;
  • Como a taxa MDR impacta o lucro e o preço final dos produtos: vamos mostrar, com exemplos práticos, como esse custo influencia margens, precificação e competitividade, e o que fazer para transformar a gestão da MDR em uma vantagem estratégica.

Afinal, o que é a taxa MDR?

A taxa MDR, ou Merchant Discount Rate, é a tarifa cobrada pelas instituições financeiras (adquirentes) por processarem uma venda feita com cartão. Na prática, ela é um desconto aplicado automaticamente sobre o valor da venda antes do repasse ao estabelecimento.

Por exemplo: em uma venda de R$ 1.000 no cartão de crédito, se a taxa MDR for de 3%, o lojista receberá R$ 970 — e os R$ 30 restantes são divididos entre adquirente, bandeira e emissor do cartão.

As taxas MDR variam conforme o tipo de cartão (crédito, débito, parcelado), o volume de vendas, o setor da empresa e o prazo de recebimento. Em média, a MDR no Brasil pode variar de 1,3% a 5,9%, sendo uma das mais altas do mundo.

Como funcionam as transações com cartão e onde a taxa MDR entra nesse fluxo?

Cada pagamento feito via cartão passa por um ciclo de processamento que envolve quatro agentes: o estabelecimento comercial, a adquirente, a bandeira and emissor.

  1. O cliente faz o pagamento com cartão;
  2. A adquirente autoriza e processa a transação;
  3. A bandeira valida e transmite os dados ao banco emissor;
  4. O emissor aprova e repassa o valor à adquirente;
  5. A adquirente desconta a taxa MDR e credita o valor líquido ao lojista.
Como funcionam as transações com cartão da taxa MDR.

Esse caminho, embora pareça simples, é o que determina o prazo de repasse, as taxas aplicadas e o custo efetivo da venda. Um controle manual ou inconsistente desse fluxo pode gerar divergências entre o valor esperado e o recebido.

Por isso, auditar a MDR é essencial para garantir previsibilidade no caixa e consistência nas demonstrações financeiras. 

O que compõe a taxa MDR?

A taxa MDR é formada por três parcelas principais:

  • Taxa do emissor: remuneração do banco emissor do cartão;
  • Taxa da bandeira: custo de uso da infraestrutura da marca (Visa, Mastercard, Elo etc.);
  • Taxa da adquirente: remuneração da empresa que processa o pagamento (como Cielo, Stone, Getnet, PagSeguro).
ComponenteFunçãoPercentual médio (%)
EmissorProcessa o pagamento e assume o risco da operação1,0% a 2,5%
BandeiraGarante a rede de aceitação e tecnologia de validação0,2% a 0,5%
AdquirenteProcessa, liquida e repassa o pagamento ao lojista0,5% a 1,5%

Como consultar e auditar a taxa MDR corretamente?

Auditar a taxa MDR (Merchant Discount Rate) é fundamental para garantir que sua empresa não esteja pagando mais do que o contratado.

Muitos negócios perdem margens sem perceber porque não acompanham as tarifas descontadas pelas adquirentes — ou fazem esse controle de forma manual, sujeita a erros.

A seguir, veja um passo a passo prático para consultar, validar e automatizar a auditoria das taxas MDR:

  1. Centralize os contratos e condições: reúna todos os contratos com as adquirentes e registre as taxas acordadas por bandeira, produto (crédito, débito, parcelado) e prazo de recebimento;
  2. Colete as fontes de informação: baixe os extratos das adquirentes, as notas de repasse e a agenda de recebíveis. Extraia também do ERP as vendas realizadas via cartão, com dados de NSU/TID;
  3. Padronize os dados de conciliação: organize campos como data, bandeira, produto, valor bruto, valor líquido e loja/CNPJ, garantindo que todos os arquivos usem a mesma estrutura;
  4. Parametrize as regras contratuais: cadastre as taxas MDR contratadas por adquirente e produto, incluindo custos de antecipação, parcelas e eventuais taxas fixas;
  5. Compare transação a transação: para cada venda, valide se a MDR aplicada corresponde ao que está previsto no contrato. Identifique diferenças de percentual e tarifas não previstas;
  6. Concilie por lote e repasse: faça o cruzamento diário entre extratos, notas de repasse e créditos bancários, garantindo que o valor líquido esteja correto;
  7. Calcule o custo efetivo (take rate): meça o percentual real descontado por adquirente, bandeira e prazo de pagamento. Isso revela quanto a MDR está impactando seu fluxo de caixa;
  8. Gere alertas automáticos: configure avisos para cobranças indevidas ou diferenças contratuais, e registre evidências para facilitar futuras negociações;
  9. Elabore relatórios e renegocie: consolide os dados em relatórios mensais com valores recuperáveis e prioridades de revisão contratual junto às adquirentes;
  10. Automatize o processo com tecnologia: utilize plataformas como a Dattos para cruzar automaticamente dados de bancos, adquirentes e ERP, eliminando erros e monitorando em tempo real.

Ou seja, com a automação certa, sua empresa transforma um custo difícil de rastrear em uma fonte de eficiência e economia contínua.

Como reduzir a taxa MDR?

Não é possível eliminar completamente a taxa MDR, mas existem estratégias para reduzi-la de forma inteligente. Empresas com alto volume de vendas e bom histórico financeiro podem negociar taxas mais baixas com as adquirentes.

Outro caminho é avaliar soluções de pagamento alternativas, oferecendo planos com taxas reduzidas e prazos de recebimento mais curtos. Por exemplo:

PlanoReceba em 30 diasReceba em 14 diasReceba em 2 dias
Começo4,89%5,39%5,89%
Essencial4,09%4,59%5,09%
Impulso3,89%4,39%4,89%
Escala3,59%4,09%4,59%

Além disso, o uso de tecnologias de automação garante uma visão clara sobre quais taxas estão sendo pagas e onde existem oportunidades de renegociação. Empresas que usam soluções de conciliação e automação de tesouraria conseguem reduzir até 20% dos custos com taxas de adquirência, segundo levantamento da Febraban (2024).

Como a taxa MDR afeta o preço final dos produtos?

A taxa MDR influencia diretamente a precificação e a margem de lucro de qualquer empresa que receba pagamentos por cartão.

Quanto maior o custo da transação, menor o ganho líquido por venda — um impacto ainda mais expressivo em negócios com ticket médio baixo ou margens reduzidas.

Por isso, compreender o peso da MDR é essencial para formar preços de forma estratégica e manter a competitividade do negócio. Veja como ela afeta esse cálculo:

Redução da margem de lucro da taxa MDR

Cada percentual da MDR representa um desconto direto sobre o valor bruto da venda. Mesmo pequenas variações — de 2,5% para 3,2%, por exemplo — podem reduzir significativamente o resultado financeiro mensal.

Diferenças por meio de pagamento

Cartões de crédito, débito e parcelado possuem taxas distintas. O mix de meios de pagamento utilizados pelos clientes altera o lucro líquido por produto.

Repasses ao consumidor

Desde 2017, o Banco Central autoriza empresas a cobrar preços diferentes conforme a forma de pagamento. Essa diferenciação é legal, mas deve ser transparente e estratégica, evitando impactos negativos na experiência do cliente.

Elasticidade e competitividade

Antes de repassar custos, avalie a sensibilidade do cliente ao preço and posicionamento da marca. Em segmentos altamente competitivos, a perda de volume pode superar o ganho de margem.

Gestão inteligente do custo financeiro

Monitorar e auditar a MDR permite ajustar preços com base em dados reais, garantindo que a empresa preserve rentabilidade sem prejudicar o consumo.

FAQ: o que mais você precisa saber sobre a taxa MDR?

A taxa MDR é uma das tarifas mais debatidas, e também uma das menos transparentes, do mercado de pagamentos. Para esclarecer os principais pontos e ajudar sua empresa a tomar decisões mais estratégicas sobre esse custo, reunimos abaixo as perguntas mais frequentes sobre o tema:

A taxa MDR é igual para todas as bandeiras?

    Não. Cada bandeira (Visa, Mastercard, Elo, American Express, entre outras) possui acordos diferentes com os bancos emissores e adquirentes. Isso faz com que a taxa MDR varie tanto em percentual quanto em prazo de repasse. Por exemplo, cartões premium ou corporativos costumam ter taxas mais altas devido ao custo de benefícios e programas de pontos atrelados. Segundo o Banco Central, a diferença entre bandeiras pode chegar a até 1,5 ponto percentual nas transações de crédito parcelado.

    Por que a taxa MDR muda de acordo com o prazo de recebimento?

      O prazo de recebimento é um dos principais fatores que alteram a taxa MDR. Quanto mais rápido o lojista quiser receber o valor da venda (como em 2 ou 14 dias), maior será a taxa, porque a adquirente antecipa o pagamento e assume o custo financeiro dessa operação. Em outras palavras, quanto menor o prazo, maior o desconto. Essa diferença pode representar até 30% de variação no custo efetivo da venda.

      Posso negociar minha taxa MDR a qualquer momento?

        Sim, e deveria. As taxas MDR não são fixas nem imutáveis. Lojistas com volume alto de transações, baixo índice de chargeback e boa reputação financeira têm poder de negociação com adquirentes. O ideal é revisar contratos periodicamente e comparar condições entre operadoras (Cielo, Getnet, Stone, PagSeguro etc.). Essa simples prática pode gerar economia significativa e impacto direto na margem operacional.

        A automação financeira ajuda a reduzir custos com taxa MDR?

          Sim. Embora a automação não reduza o percentual da taxa diretamente, ela revela inconsistências, erros de cobrança e oportunidades de renegociação. Plataformas como a Dattos permitem auditar, em tempo real, os valores cobrados por cada adquirente, cruzando dados de repasses, contratos e registros contábeis. Dessa forma, a equipe financeira tem base sólida para negociar com fatos, não suposições — o que, na prática, reduz o custo total da MDR e melhora o fluxo de caixa.

          A taxa MDR incide também sobre transações via PIX e QR Code?

            Não da mesma forma. O PIX, por exemplo, é gratuito para pessoas físicas e tem custos bem menores para empresas, geralmente uma tarifa fixa por transação. Já os pagamentos via QR Code atrelados a carteiras digitais (como Mercado Pago ou PicPay) podem ter taxas semelhantes à MDR, dependendo do modelo do provedor. Ou seja: o PIX tende a ser mais vantajoso, mas o controle de custos deve ser contínuo.

            É permitido repassar o custo da taxa MDR ao cliente?

              Sim, desde 2017 o Banco Central e a Secretaria Nacional do Consumidor autorizam a diferenciação de preço por forma de pagamento. Ou seja, o lojista pode cobrar valores diferentes no cartão e no dinheiro, desde que isso seja informado de forma clara. No entanto, é importante equilibrar transparência e estratégia: em setores altamente competitivos, repassar integralmente a taxa MDR pode gerar perda de competitividade e impacto na experiência do cliente.

              Como saber se estou pagando uma taxa MDR justa?

                O caminho é simples, mas exige dados. Compare seu percentual com as médias de mercado publicadas por instituições como o Banco Central e a Febraban, avalie o volume de vendas, o risco do seu setor e o prazo de liquidação. Se a sua taxa estiver acima de 4% em crédito à vista ou 2% em débito, vale negociar. E o ideal é automatizar o monitoramento dessas taxas, só assim é possível garantir que o custo financeiro está sob controle e o repasse está correto.

                Como a inteligência artificial pode ajudar a otimizar a gestão da taxa MDR?

                Quer levar o controle da taxa MDR e de toda a sua operação financeira para outro nível? A artificial intelligence pode ser sua maior aliada nessa transformação. Com ela, é possível automatizar análises, reduzir erros e identificar oportunidades que antes passavam despercebidas.

                No guia 120 prompts para processos financeiros, a Dattos reúne exemplos práticos de como usar IA para agilizar tarefas, cruzar dados e melhorar a tomada de decisão em áreas como tesouraria, controladoria e contabilidade. Cada prompt foi pensado para facilitar a aplicação imediata da tecnologia no seu dia a dia.

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                Bruno Costa is an experienced finance professional with over a decade of experience, a degree in Accounting and a post-graduate degree in International Accounting Standards. He stands out for leading high-performance teams, focusing on optimizing financial processes and aligning organizational objectives with individual goals. His dedication to financial education extends to the community, making him an admired leader in the sector.

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