Risco sacado: o que muda em 2025 com o novo decreto?

4 de septiembre de 2025
11 minutos de lectura
Saiba o que muda no risco sacado com o Decreto 12.466/2025. Veja novas obrigações, impactos no balanço e guia prático para manter a conformidade fiscal.
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El risco sacado é uma operação financeira amplamente utilizada por grandes empresas para otimizar o fluxo de caixa e negociar prazos com fornecedores. Mas, com a publicação do Decreto 12.466/2025, essa estratégia passou a exigir mais atenção contábil e fiscal.

E não estamos falando de pequenos ajustes: é um redesenho das obrigações tributárias que pode impactar diretamente a conformidade, a apresentação do balanço e até o custo do capital.

De acordo com a KPMG, o novo enquadramento altera a forma como as empresas reportam essas operações, exigindo revisão de classificações, ajustes nas obrigações acessórias e maior controle das informações compartilhadas com o Fisco.

Neste artigo, você vai entender o que é o risco sacado e como ele funciona na prática, quais foram as mudanças trazidas pelo Decreto 12.466/2025, os principais impactos contábeis e fiscais, além de um checklist de conformidade com 5 passos essenciais para não errar em 2025.

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O que você vai ler neste artigo?

  • Como o risco sacado funciona em detalhe, desde a aprovação da fatura até a antecipação feita pelo banco, mostrando por que essa prática se consolidou como uma das principais soluções de capital de giro no Brasil e na América Latina.
  • As mudanças impostas pelo Decreto 12.466/2025, que redefiniram a classificação contábil da operação, incluíram a cobrança obrigatória de IOF e criaram novas exigências no SPED e nas notas explicativas, aumentando a responsabilidade das empresas.
  • Quais etapas práticas são necessárias para implementar o risco sacado de forma segura, passando pelo diagnóstico de contratos, atualização do ERP, revisão das obrigações fiscais e integração com auditoria e conselho para reforçar a transparência.
  • Os principais benefícios e desafios desse modelo de financiamento, que ao mesmo tempo fortalece a cadeia de suprimentos e amplia os prazos de pagamento, mas exige governança mais rígida, maior controle regulatório e atenção redobrada da área fiscal.

O que é risco sacado e como funciona na prática?

Según el BTG Pactual, o risco sacado (ou “reverse factoring”) é uma operação de antecipação de recebíveis. O fluxo funciona assim:

  1. O fornecedor vende produtos ou serviços ao comprador (sacado);
  2. O comprador aprova a fatura;
  3. Um banco ou instituição financeira antecipa o pagamento ao fornecedor;
  4. O banco recebe o pagamento do comprador na data acordada.

Em 2023, segundo dados do Banco Mundial, mais de 20% das grandes corporações latino-americanas já utilizavam essa estrutura para fortalecer a cadeia de suprimentos, especialmente em setores como agronegócio, tecnologia e bens de consumo

En otras palabras:

  • É uma solução de capital de giro para fornecedores que precisam de liquidez;
  • Tem o aval do comprador, o que reduz risco para o banco;
  • Diminui a taxa de inadimplência para a instituição financeira;
  • Pode ser classificada como dívida ou conta a pagar, dependendo da estrutura do contrato.

No Brasil, o modelo se popularizou porque permite estender prazos de pagamento sem comprometer o fluxo de caixa da empresa compradora, um ponto crítico em mercados com juros elevados.

Risco sacado em 2025: quais são as novas exigências fiscais e como se adaptar?

Com a entrada em vigor do Decreto 12.466/2025, o risco sacado passou a ter um novo tratamento fiscal. Isso significa mais obrigações acessórias, maior rigor na classificação contábil e atenção redobrada à documentação enviada aos órgãos reguladores. A seguir, listamos as principais exigências que passaram a valer a partir de 2025:

ExigênciaDetalhes
ClassificaçãoPassivo financeiro no balanço patrimonial, deixando de constar apenas como “fornecedores”.
IOFIncidência obrigatória em todas as transações, com alíquota a depender do prazo e valor.
SPEDIdentificação específica da operação, com campos adicionais no ECD e ECF.
Notas ExplicativasDescrição detalhada das condições, taxas e impactos financeiros da operação.

Em resumo, o que mudou com o decreto no risco sacado:

  • Passa a ser classificado como passivo financeiro (dívida);
  • Exige divulgação detalhada nas demonstrações contábeis;
  • Gera incidência de IOF — mesmo se a empresa não contrair o crédito diretamente;
    No caso do IOF, a alíquota atualmente aplicada para operações de crédito é de 0,0041% ao dia, limitada a 1,5% ao ano, mais o adicional de 0,38% sobre o valor total da operação. Isso significa que, em um contrato de R$ 1 milhão com prazo de 90 dias, o custo do IOF pode chegar a aproximadamente R$ 4.100,00, além do adicional, impactando diretamente o custo efetivo da operação.
  • Obriga identificação clara no SPED e em notas explicativas;
  • Amplia a fiscalização da Receita Federal sobre contratos e registros.

Según Ernst & Young, essa mudança deve aumentar a transparência para investidores e credores, mas também elevar o custo administrativo para manter a conformidade.

Como implementar o risco sacado?

Colocar o risco sacado em prática com segurança e conformidade exige mais do que fechar acordos com fornecedores e instituições financeiras. É preciso revisar processos internos, atualizar sistemas e garantir que as obrigações fiscais estejam sendo atendidas desde o primeiro registro.

EtapaAção recomendadaPor que é importante
DiagnósticoAvaliar a estrutura atual, contratos e classificações contábeis.Evita que operações sejam registradas de forma incorreta, prevenindo distorções no balanço e riscos de autuação.
ContratoFormalizar termos com fornecedores e bancos, incluindo cláusulas sobre prazos, taxas e responsabilidade pelo IOF.Garante clareza jurídica e fiscal, evitando interpretações divergentes pela Receita ou auditoria.
ERPAtualizar integrações contábeis e fiscais para identificar e classificar automaticamente o risco sacado.Reduz erros manuais e agiliza o fechamento contábil e fiscal.
ComplianceGarantir divulgação correta nas demonstrações financeiras, registro no SPED e documentação para auditorias.Mantém a conformidade regulatória e reforça a credibilidade da empresa com investidores e credores.

Um ponto crítico é a integração de dados: empresas que mantêm seus ERPs alinhados com sistemas fiscais reduzem em até 40% o risco de autuação.


Saiba mais sobre esse assunto | Report de 2024.

Checklist de conformidade pós-decreto: quais são os 5 passos para não errar no risco sacado em 2025?

Não basta mais apenas entender o conceito de risco sacado: é preciso adotar uma rotina de conformidade que assegure transparência e precisão em cada registro. Para facilitar esse processo, preparamos um checklist prático com cinco passos essenciais para se adaptar às novas regras e evitar problemas com a Receita Federal.

  1. Mapeie todos os contratos existentes para identificar operações que se enquadram como risco sacado.
  2. Reclassifique corretamente no balanço, separando passivos financeiros de fornecedores.
  3. Atualize o ERP para registrar a operação com o código fiscal adequado.
  4. Comunique ao conselho e auditoria as mudanças, incluindo impactos no endividamento.
  5. Reforce o compliance fiscal com revisões periódicas e documentação para inspeções.

Seguir esse checklist ajuda a evitar interpretações erradas pela Receita e mantém a empresa preparada para auditorias internas e externas.

Por que considerar o risco sacado para sua empresa?

Mais que uma tendência financeira, o risco sacado pode ser um instrumento estratégico para quem busca eficiência, previsibilidade e relacionamento sólido com fornecedores. Segundo a McKinsey:

  • Estruturas de financiamento de cadeia de suprimentos reduzem o custo total em até 5%;
  • Podem melhorar em até 15 dias o prazo médio de pagamento (Days Payable Outstanding – DPO).

Para fornecedores, o benefício é ainda mais claro: aqueles que participam de programas de risco sacado crescem 1,5x mais rápido por terem acesso a capital mais barato, fortalecendo toda a cadeia produtiva. Ou seja:

  • Fortalece a cadeia de suprimentos ao melhorar o capital de giro de fornecedores;
  • Permite prazos mais longos sem sufocar o fluxo de caixa;
  • Aumenta previsibilidade e reduz incertezas;
  • Apoia metas ESG ao facilitar acesso a crédito para pequenos e médios fornecedores.

Quais são os principais desafios do risco sacado e como solucioná-los?

Mesmo sendo uma estratégia vantajosa, o risco sacado traz consigo uma série de desafios técnicos e operacionais. Para manter a conformidade e extrair o melhor da operação, é fundamental conhecer os principais obstáculos e como superá-los com eficiência: 

  • Reclassificação contábil pode impactar indicadores-chave e covenants financeiros;
  • Custos tributários aumentam com IOF e possíveis efeitos em IRPJ/CSLL;
  • Ajustes nos ERPs e integrações de dados demandam investimento;
  • Risco de autuação por erro na classificação ou omissão de informações.

Como mitigar esses riscos:

  • Implementar checklists internos de conformidade;
  • Automatizar a classificação e reporte de operações;
  • Revisar contratos com foco em clareza fiscal;
  • Treinar equipes contábil e fiscal sobre o novo enquadramento.

FAQ: o que mais você precisa saber sobre o risco sacado em 2025?

Mesmo após entender as mudanças do Decreto 12.466/2025 e os cuidados necessários, ainda restam dúvidas comuns sobre o risco sacado — principalmente no que diz respeito à classificação contábil, tributação e limites de uso da operação. Para esclarecer esses pontos, reunimos abaixo as respostas para as perguntas mais frequentes que surgem em 2025.

1. Risco sacado é considerado dívida ou conta a pagar?

Com o Decreto 12.466/2025, deve ser classificado como passivo financeiro, ou seja, entra como dívida.

2. Existe incidência de IOF em todas as operações?

Sim. O novo decreto determina a incidência de IOF, mesmo quando a empresa não realiza diretamente o crédito.

3. Como evitar problemas com a Receita Federal?

Atualize seus registros contábeis, documente os contratos e integre sistemas para garantir transparência fiscal.

4. Empresas de todos os tamanhos podem operar com risco sacado?

Sim, mas é mais comum em empresas de grande porte com alto volume de compras.

5. Risco sacado é ilegal?

Não. É uma prática legal e regulada, desde que esteja adequadamente registrada e tributada.

Como o IOF pode impactar de forma estratégica suas operações com risco sacado?

Com o Decreto 12.466/2025, o IOF passou a ser um elemento central nas operações de risco sacado. Mais do que uma obrigação fiscal, ele altera diretamente o custo da operação e a forma como o fluxo de caixa deve ser planejado. Isso exige atenção redobrada da área financeira para evitar distorções e manter a conformidade.

Para apoiar gestores e equipes, preparamos um guia completo sobre IOF, que detalha os efeitos práticos desse imposto no dia a dia das empresas. O material mostra como calcular corretamente, quais são os pontos de maior risco e como estruturar controles que garantam precisão.

Neste guia, você vai encontrar:

  • Exemplos práticos de cálculo do IOF em operações de risco sacado.
  • Orientações para manter a conformidade fiscal e contábil em 2025.
  • As 4 etapas essenciais para estruturar um controle eficiente de contas a pagar.

Daniel Franco é graduado em Ciências Contábeis pela FMU e possui experiência nas áreas contábeis, fiscais e financeiras. Desde 2016, atuou em escritórios de contabilidade e grandes empresas. Atualmente, é Analista de Negócios na Dattos S.A., focado em diagnósticos, automações, tratamento de dados e suporte aos usuários.

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